Marden Bastos
Sobremordida profunda é um problema comum na Ortodontia, seja como má oclusão, seja como efeito colateral de movimentações dentárias, retração de dentes anteriores, entre outros. O desafio na mecânica para corrigir esse problema é o controle dos efeitos colaterais, como vestibularização dos incisivos e abertura da mordida posterior. Na edição v15n4, mostramos o uso dos arcos CU/CD confeccionados na quina de uma mesa. A prática tem mostrado que os ortodontistas encontram mais facilidade na confecção desse arco com os próprios dedos. Após cortar o excesso distal dos segundos molares, marcamos um arco 0,017” x 0,025” de aço, entre canino e primeiro pré-molar e entre segundo pré-molar e primeiro molar dos dois lados. Posicionamos os polegares entre as marcas de ambos os lados, apontados um para o outro, com os dedos indicador e médio apoiados do lado oposto do arco. Pressionamos os polegares entre os dedos indicador e médio de ambos os lados e giramos as mãos pra fora, mantendo os dedos pressionados. O resultado deve ser um arco plano e com torque neutro na região posterior, que apresenta uma curvatura suave entre os pré-mo- lares, e torque resistente na região anterior, que ajuda a controlar a vestibularização dos incisivos. Quando colocado sobre uma superfície plana, a região anterior do arco deve ficar cerca de 5 a 10 mm do plano posterior. Para tratamento da mordida profunda, analisamos a curva de Spee de ambas as arcadas. Se a arcada superior apresentar curva invertida, o arco CU (curve up) será colocado nessa arcada; no caso da arcada inferior com curva de Spee acentuada, será usado o arco de forma CD (curve down). Quando colo- cado nos dentes posteriores, passará cervicalmente aos braquetes anteriores. É importante limitar o perímetro da arcada por dobras distais ou conjugado de segundo molar a segundo molar, para evitar a abertura de espaços entre os dentes anteriores. No caso de retração de dentes anteriores, é interessante usar uma barra transpalatina, e o elástico em cadeia é colocado de segundo molar a segundo molar do lado oposto. É importante, também, colocar em relação cêntrica e checar as chaves de oclusão todos os meses. No caso de perda de ancoragem, dois mini-implantes são instalados entre primeiro molar e segundo pré-molar, e a retração continua com o elástico em cadeia ancorado nos mini-implantes. Vale lembrar que, depois de resolvida a mordida profunda ou terminada a retração, passamos um arco plano para manter o resultado.
Como citar: Bastos M. Arco CU/CD no controle da sobremordida e na retração de dentes anteriores. Parte II. Rev Clín Ortod Dental Press. 2019 Out-Nov;18(5):46-50.
Friday, December 27, 2024 23:41